sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sem título

Eu caminho por entre as lágrimas dos deuses.
É a chuva matinal, que hoje, mais parece uma tempestade.

Mas eu sou inatingível.
Eu sou inabalável.

As gotas de água que ousam se precipitar sobre a terra evaporam à minha presença;
E mesmo o vento, que insiste em correr forte somente em dias como este, dobra-se ao pressentir nosso encontro.

...

A chuva cessa e o vento acalma: este já não corre, é preguiçoso e, como um pedido de desculpas, incita os homens a receberem seu carinho.

Todos saem à rua.

E finalmente eu posso ser atingido
Finalmente eu posso ser abalado.

É quando eu percebo que aquilo que apavora os homens é o que me protege,
Só por me manter longe deles.

Porque é mais fácil andar entre animais selvagens que por entre os homens.

Um comentário:

Paulo César di Linharez disse...

Saímos da selva, mas não deixamos de ser selvagens.