Ele estava deitado no sofá com as pernas jogadas ao ar, seu olhar fixo no nada denunciava parcialmente suas intenções. A janela, a mesa, a televisão. Seu olhar vagava pelo quarto, aleatoriamente, sem direção, desgovernado.
Ele parecia quieto, mas, na verdade, tinha toda a impaciência de seu corpo mantida sobre seus pequenos olhos negros, que se esbaldavam e se deliciavam com o que não podia ser visto.
Seus pensamentos eram vagos, incompletos. Logo seus princípios seriam quebrados e sua fúria provocada. Nada que alguém além dele fosse fazer; Nada em que alguém além dele fosse importante.
Um jogo havia começado, como já previsto: ele contra ele. Uma luta seria travada por duas pessoas totalmente diferentes, dentro de uma só. Uma luta invisível, mas muito prejudicial a ambos, ou simplesmente, ele. Uma luta onde só haveria um vencedor, e um único prêmio: ele.
Depois de muito, o cansaço se fez presente em cada participante do jogo, no único. As últimas cartas foram postas à mesa, o jogo havia terminado. Não se sabe ao certo quem vencera, a única coisa que se sabe é que, ao final, a parede às suas costas estava manchada pelo seu sangue, em seguida seu corpo e o chão. Dali em diante seria só uma questão de tempo até que o vermelho de seu sangue se tornasse mais vivo que ele mesmo.