domingo, 24 de fevereiro de 2008

Prelúdio

Direcionem-se a mim. Tentem enxergar meus olhos, enquanto eu abaixo a cabeça. Procurem pela morte, vão fundo, esperem por ela; tenho certeza que não esperarão por muito tempo.

Prestem atenção em meus lábios; se fizerem isso, perceberão que meu sorriso não é sincero. Só assim vocês entenderão o porquê dele estar sempre à mostra.

Assistam ao espetáculo. Vejam tudo com olhos arregalados, atentos. Eu lhes direi o momento, e poderão se abrir em gargalhadas; no fundo, eu sei, é isso o que querem.

Se seguirem as recomendações, poderão dizer, ao final: “Ele era um bom homem”, e encerrar o discurso.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Atualidade sugerida

Ele estava deitado no sofá com as pernas jogadas ao ar, seu olhar fixo no nada denunciava parcialmente suas intenções. A janela, a mesa, a televisão. Seu olhar vagava pelo quarto, aleatoriamente, sem direção, desgovernado.

Ele parecia quieto, mas, na verdade, tinha toda a impaciência de seu corpo mantida sobre seus pequenos olhos negros, que se esbaldavam e se deliciavam com o que não podia ser visto.

Seus pensamentos eram vagos, incompletos. Logo seus princípios seriam quebrados e sua fúria provocada. Nada que alguém além dele fosse fazer; Nada em que alguém além dele fosse importante.

Um jogo havia começado, como já previsto: ele contra ele. Uma luta seria travada por duas pessoas totalmente diferentes, dentro de uma só. Uma luta invisível, mas muito prejudicial a ambos, ou simplesmente, ele. Uma luta onde só haveria um vencedor, e um único prêmio: ele.

Depois de muito, o cansaço se fez presente em cada participante do jogo, no único. As últimas cartas foram postas à mesa, o jogo havia terminado. Não se sabe ao certo quem vencera, a única coisa que se sabe é que, ao final, a parede às suas costas estava manchada pelo seu sangue, em seguida seu corpo e o chão. Dali em diante seria só uma questão de tempo até que o vermelho de seu sangue se tornasse mais vivo que ele mesmo.