domingo, 20 de julho de 2008

Fade to black

Oh, céus, por quanto mais tenho que esperar?

Já é hora, o que tem que ser feito é continuar.

Mas, ninguém me ouve, estão todos surdos.

Estão todos surdos, ou será, que sou eu o mudo?

Disso eu não sei, só sei do que falei,

E o que falei, pensei.

Contrariando todas as normas

Surgi como se surgem as cobras

Não esperavam minha chegada

Muito menos minha história desgraçada.

Ao terminar fui socorrido

Por quem só tem a dar amor

E nesse tempo transcorrido

Tudo o que eu senti foi dor.

Do melhor mel provei

Pelo pior castigo passei.

Do maior amigo perdi

E do maior inimigo ganhei.

Só em mim sobrou a fúria

Só em mim sobrou doença

Mas, em vista de cego

A morte não é a maior sentença.

domingo, 13 de julho de 2008

Nós

O sol e todo o céu passaram a se esconder por trás das nuvens

Os dias agora são mais escuros e tristes

E já não tememos pisar o chão com os pés descalços.

A dor e o temor foram extintos

O calor e a fraternidade também.

Nós nos tornamos mais frios

O calor das máquinas é mais sedutor que o calor das pessoas

E já não confiamos uns nos outros

Não damos as mãos

Não nos abraçamos mais.

Éramos seres selvagens em nossa própria floresta

Agora vivemos em cativeiros

Limitados pelas grades

Feridos pelos chicotes

Entediados pelas correntes.

Nossa própria consciência nos impede de abrir as asas

De quebrar as correntes – sim, temos força pra isso! –,

Romper as celas e voltar ao inimaginável

Que antes era chamado de ‘lar’.



[solitude_]

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Prova

Que cesse então a tempestade!

Já conseguiram provar-me de que sou nada!

Estou enfraquecendo,

Sozinho, no olho do furacão.

Talvez o que eu precise é ceder

Soltar mais minhas pernas e deixar-me levar

Voar para longe do solo

Para além das nuvens

Ou me tornar parte delas, brancas ou cinzentas

Para poder chorar sem medo ou timidez

Pelas desgraças do mundo habitado.

As nuvens choram o sangue dos homens inocentes

E a mentira que sobrepuja a verdade.


Se querem viver nesse mundo,

Então acostumem-se com o sofrimento.