terça-feira, 27 de novembro de 2007

História curta

- Mate-a!

Disse Melissa, enquanto apontava para o chão.

- Não o farei.

Respondeu H.

- Se não o faz, eu faço!

Retrucou ela, furiosamente.

Em seguida H. fez-se triste e inconsolável, enquanto dizia:

- Por favor, não.

Melissa ficou sem entender o motivo de H. não querer realizar simples ato. Então perguntou:

- Por quê não? É só uma barata.

Indignado com o comentário de Melissa, H. inicia um breve discurso, tentando assim convencê-la a não matar a barata.

- Esperava da tua parte, ao menos um pouco mais de respeito. Não vês que a barata, como um inseto asqueroso e nojento, vive entre nós mesmo sendo renegada e repudiada pela maioria? Não vês, pois, que ela é o que é, e aceita tal fato, enquanto nós fingimos ser o que não somos?

Não vês que ela, mesmo sendo frágil e vulnerável, enfrenta a tudo e a todos, fugindo apenas quando a morte é iminente, enquanto nós estamos sempre fugindo? Não vês que, por tanto tempo viveu a barata, sem mudar, enquanto nós dependemos da mudança pra viver?

Disse ele.

- Desculpe, não.

Respondeu Melissa, seca e friamente, indiferente ao que H. acabara de falar.

Ouviu-se depois apenas um som surdo e não muito agradável. Era o som da morte da barata.

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