domingo, 29 de março de 2009

Roalismo - treino de estilo - madrugada/6:00 a.m.

O autoassasínio se sucedera havia uma semana quando o ocorrido ocorreu. Chuvas de dor e agonia enchiam bacias e copos d’água. Seu corpo esfriava a madrugada porque seu corpo era o inverno e fazia nevar alva neve sobre si mesmo. Também o inverno o fazia tremer. Principalmente as mãos que guardavam sob a tutela de seu baú um celular vermelhoinferno que insistia em não tocar.
Da janela do celular podia-se avistar ao longe Degas e sua bailarina com um jornal em mãos. Além disso toda uma cidade podia ser observada: hipócritos relógios e suas horas sem segundos; calendários de dias meses e anos esquecidos e invisíveis; simbologias sem qualquer sentido senão o que queríamos lhes dar. Mil mundos e mil mentes naquela cidade naquela janela: tudo hipocrisia!
E de alguma forma os dedos articulados na hipocrisia do baú das mãos podiam intervir naquela paisagem urbana. Números iam surgindo e agrupando-se e formando novos números até que o último número formado converteu-se em nome próprio sobrenombre com apenas uma apertadinha no botão limoverdeclaro.
Um rito ditado em Sol foi ditado a um ouvido apenas porque o outro não merecia tanto carinho. E novamente bacias e copos d’água foram cheios pela chuva de dor e agonia que rebentava do céu de seus olhos negros.
Após a sinfonia em G esperava-se um oi ou um alô. Nada veio. Sequer silêncio.
Logo as bacias e copos d’água encheram-se todos e transbordaram. O céu de seus olhos vermelho como o céu de sua boca fora obrigado a cessar a chuva que antes caía torrencial.
O inverno tornou-se primavera e a primavera transformou em flores a alva neve. Dos olhos livrara finalmente a menor umidade da menor garoa. O sol apareceu detrás de uma nuvem cinza e tudo ficou tão bom e tão bem quanto em uma manhã qualquer de fevereiro.
Amanhece: 6:00 a.m.

4 comentários:

Xubis D. disse...

Oiii!
Nossa, lindos seus textos!
Adorei todos, especialmente aquela poesia chamada 'Bebel'.
Tenho uma grande amiga cujo apelido é esse. Você se importa se eu mostrar essa poesia à ela?
Acho que ela iria amar atnto quanto eu amei!
hehehe

Beijos da Lu Paes!

Diessika Halvantzis disse...

indiferença e celulares que não tocam matam qualquer um do coração.

Milena Mourão disse...

Só posso dizer duas palavras sobre seu texto:Lindo e pertubador.
Siga em frente você tem talento.

amelie v. disse...

Olá espeto, hahaha. Lembra de mim? Tenho seu blog aqui até hoje, fiquei com saudades, me adicione no orkut ou no msn. Beijos